sábado, 5 de setembro de 2009

Trabalho de Estética!

Trabalho aplicado pela professora Elisa, para a matéria de Estética, nele explicamos O Prazer na Experiência Estética.

O PRAZER NA EXPERIÊNCIA ESTÉTICA

Introdução

Nos capítulos anteriores observamos que a estética está diretamente relacionada ao intuito de provocar sensações no homem.
Partindo do princípio que a beleza está nos olhos de quem vê, tentaremos responder à pergunta que abre este capítulo, baseado na relação de prazer e não- prazer que compõe a experiência estética de cada um:

“De onde provém esse sentimento de prazer, concomitante ao da beleza?”

Baseado na experiência.

A experiência estética nasce primeiramente de um contato inicial do indivíduo com a obra. A esse primeiro contato toda carga cultural do indivíduo aí se agrupa e a experiência estética se amplia.
É de fundamental importância tudo aquilo que o indivíduo acumula ao longo de sua existência para ter uma fruição mais ampla da obra, já que se trata de uma experiência puramente intelectual, embora essa prática nos chegue através dos sentidos.
Uma pintura vista ao final de um dia pode nos trazer sensações ou percepções completamente diferentes daquelas de quando vimos essa mesma obra no início desse mesmo dia, visto que aquilo que acumulamos no decorrer das horas faz com que nossa observação e nossa sensação também se modifiquem. A dinâmica é o que pauta a nossa existência e se existimos para sentir, obviamente a estática não irá predominar nesse momento da nossa vida.
Vivaldi com suas Quatro Estações leva-nos aos campos floridos, às chuvas de verão e à monotonia do outono. As suas frases musicais são tão plenas de ondulações e ritmos que a natureza se desenvolve à nossa frente. Já Chopin, com seus noturnos, testemunha a atmosfera romântica e fria de Viena e as sensações paradoxais preenchem nossos espíritos. Wagner não é executado em Israel. Hitler admirava sua música, a qual ilustra, na ótica de alguns a supremacia alemã. Dessa forma, fica clara a importância do aspecto cultural na percepção que temos de todas as obras de arte que nos são apresentadas. Somos produtos do que conhecemos e das sensações que podemos elaborar a partir desse conhecimento.
A estética nos permite apreciar não apenas acontecimentos belos e felizes. Ela nos proporciona a oportunidade de apreciarmos fatos tristes, fúnebres, e também a realidade cruel que muitas vezes não temos contato. Isto ocorre como relatado no texto, no caso do filme Pixote a lei do mais fraco, no qual nos é apresentada a situação de um menino de rua. Embora saibamos da existência desta realidade não a conhecemos a fundo, o filme nos dá essa possibilidade e através dela apreciamos essa experiência. Isso é possível, pois o que apreciamos é o símbolo, não a realidade em si.
Algumas vezes a experiência estética pode causar também uma sensação de desprazer. A primeira das razões para a ocorrência deste desprazer, conforme o autor é a dificuldade do homem em transitar entre percepção prática e percepção estética. Ou seja, não vemos a beleza por não pararmos para apreciá-la. Outra razão é que distorção da percepção, quando a pessoa não consegue mais distinguir o que é real do que não é. É o que não texto foi chamado de não pensar o “Como se...”. Em sequência existem também casos de verdadeiras patologias, quando obra é capaz de desencadear na pessoa verdadeiras neuroses e psicoses. A última destas razões é a ausência de familiaridade com os símbolos e códigos que compõem a obra. Falta ao receptor a capacidade de ler obra, de conhecer o vocabulário desta para assim compreendê-la.
O que pudemos entender é que a estética nos permite desfrutar de sensações diversas e vivenciar fatos os quais não fazem parte da nossa vivência cotidiana, mas para isso é necessário manter a mente aberta e adquirir conhecimento, e assim aproveitá-las por completo.

Apêndice

Em nossas pesquisas para a realização deste trabalho, encontramos no caderno “Ilustrada” da Folha de São Paulo, de 27 de agosto, uma crônica do Contardo Calligaris sobre o tema - A experiência estética. Segue abaixo uma pequena resenha com nossos comentários.

Saber e experiência

Por que visitamos museus?
Procuramos experiência ou queremos nos cultivar?

Em sua crônica, Contardo Calligaris afirma que a experiência estética pessoal muitas vezes é mais importante do que o conhecimento sobre as obras.
Segundo ele muitas pessoas, ao parar em frente a uma obra, atêm-se primeiro à pequena placa com o nome do artista, título e data da obra, e quando se dão conta de que se trata de um artista desconhecido, ela simplesmente a ignora e passa a procurar por uma mais “famosa” para apreciar mais profundamente.
“E há os grupos de turistas, forçados a correr de uma “obra-prima” a outra, atropelando obras menores, que talvez fossem para eles (quem sabe, só para eles) decisivas.” explica Contardo.
Compreendemos que o saber melhora nossa experiência estética. Mas se privilegiarmos demais o saber, talvez nunca sairemos dos caminhos pré-determinados e, pior ainda, forçaremos o molde de nossa experiência no pouco que sabemos.
Em um relato pessoal, Calligaris conta sua experiência ao visitar pela primeira vez o Museu do Prado em Madri aos 14 anos.
“Eu só queria ver a pequena sala onde estavam os quadros de Hieronymus Bosch. Ao entrar, fui hipnotizado pelo azul estranho e intenso do céu numa paisagem de Joachim Patinir, um pintor flamengo da mesma época, que eu não conhecia. Não li a placa e “atribui” a Bosch o quadro de Patinir e saí feliz de ter descoberto “meu Bosch preferido”, que era tão diferente dos quadros de Bosch mais conhecidos e reproduzidos.
Se tivesse lido a placa, provavelmente eu teria de esquecer o céu de Patinir e destinar minha atenção só aos quadros de Bosch; em obséquio ao meu saber, que era modesto trivial, eu teria renunciado a uma experiência cuja lembrança ainda me encanta”.
A pergunta feita por Calligaris em sua crônica também nos é útil a essa altura:
“O que aconteceria em nós, visitantes, se os museus escondessem toda a informação sobre as obras expostas?”
Em suma: O debate entre saber e experiência, por mais que seja um clássico do pensamento pedagógico, é sem solução. A falta de saber compromete e empobrece a experiência, mas, sem a liberdade da experiência imediata, o saber se torna chato, estupidamente repetitivo e, no fundo, frívolo.

Resenha da crônica de Contardo Calligaris publicado no caderno “Ilustrado” da Folha de São Paulo de 27 de agosto 2009.

Referências:

DUARTE, João-Francisco Jr. O que é Beleza. 3ªed. São Paulo. Brasiliense. 1991. 94p. ISBN 8511011676


CALLIGARIS,Contardo. Saber e experiência. Folha de São Paulo, São Paulo, Ilustrada, p E10, 27 agos. 2009.

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